11 de Novembro de 2014
Para dar continuidade ao assunto "Exercício em jejum", hoje trazemos a segunda parte do texto elaborado pela Professora Fabiana Benatti, PhD, consultora científica do site Ciência in Forma, a respeito do efeito da prática de exercícios físicos em jejum sobre a massa muscular:
Exercício em jejum: Fazer ou não fazer, eis a questão (Parte 2)
Fazer exercício em jejum gera perda de massa muscular?? Esta é uma dúvida comum entre profissionais e praticantes de atividade física. Na parte 2 da série de post sobre exercício em jejum, discutiremos os efeitos desta prática sobre a massa muscular.
Neste post falaremos sobre a famosa afirmação “Se eu fizer exercício em jejum, vou perder mais massa muscular?”. Verdade ou mito?
Verdade e mito! Explico o porquê!
Primeiramente, devemos lembrar que durante o exercício físico, podemos oxidar carboidrato, gordura e, em (bem) menor magnitude, aminoácidos para produzir a energia necessária para contração muscular. Lembremos ainda que nós não somos capazes de produzir carboidrato a partir de gordura, mas conseguimos fazê-lo a partir de alguns aminoácidos que compõem o músculo, principalmente os chamados aminoácidos de cadeia ramificada.
É por isso que muitas pessoas entendem que se fizermos o exercício físico em jejum, teremos menos carboidrato disponível e, por isso, utilizaremos mais proteína muscular para produzir energia.
Essa afirmação é, de fato, verdade. Quando fazemos o exercício em jejum, a contribuição dos aminoácidos pode atingir até 6% (em homens e 3% em mulheres) de toda a energia produzida. Em contrapartida, se fizermos exercício físico no estado alimentado, a contribuição parece ficar próxima de zero. A exemplo disso, o estudo de Koopman e colaboradores não mostrou aumento da oxidação de aminoácidos mesmo durante um exercício bastante exaustivo (neste caso, 5 h de ciclismo + 1 hora de corrida), caso os participantes ingerissem bebidas contendo carboidrato ou carboidrato + proteína durante o exercício.
Vamos então à uma discussão similar àquela que fizemos no post anterior sobre a oxidação de gordura durante o exercício. Apesar de oxidar mais aminoácidos durante o exercício realizado em jejum, essa quantidade é muito, muito pequena. Ao correr 8 Km em jejum, oxidamos, em média, 7,5 g de aminoácidos. Isso representa, por exemplo, aproximadamente 0,06% de toda a massa muscular de um indivíduo de 70 Kg com 15% de gordura corporal.
Além disso, e de forma bastante importante, ao final de uma sessão de exercícios físicos, todo o maquinário para a síntese proteica permanece favorecido por várias horas, e isso inclui a síntese de proteínas contráteis (aquelas que compões nossa massa muscular)! Basta oferecermos fontes proteicas adequadas para estimular ainda mais a síntese de proteínas utilizada como fonte energética durante o exercício. Para saber mais o que seriam essas “fontes proteicas adequadas”, leiam a série de post do Prof. Hamilton Roschel “Proteína para que te quero”, onde ele fala sobre a qualidade e a quantidade adequada da ingestão de proteínas para otimizar a síntese proteica!
Dessa forma, mesmo que nos exercitemos em jejum, a quantidade de aminoácidos utilizados como fonte energética é muito pequena e facilmente reposta pela alimentação. Logo, podemos dizer que a máxima “Se eu fizer exercício em jejum, vou perder mais massa muscular?” é, definitivamente, um mito!
Você pode ler este texto na íntegra aqui