Exercício Físico 13 de Junho de 2019
Desenvolver nas crianças o gosto pelo esporte é essencial para que no futuro tenhamos adultos com hábitos saudáveis e com menos chances de ter problemas de saúde como colesterol elevado, pressão arterial alta, obesidade e até mesmo doenças cardíacas. O esporte, além disso, ajuda a desenvolver aptidões que contribuem na formação motora, cognitiva, social e afetiva das crianças.
A corrida é uma boa opção de atividade física, pois é um ato motor natural do ser humano. No seu desenvolvimento, logo depois que a criança começa a engatinhar e andar, o ímpeto de correr aparece. É natural. Mas alguns cuidados devem ser tomados, já que a criança não é um adulto em miniatura.
Inicialmente, a prática esportiva deve ser lúdica, procurando utilizar os jogos e brincadeiras para que os conceitos desenvolvidos no esporte sejam percebidos de forma prazerosa. Conforme a criança for crescendo, podem-se incrementar novas rotinas e trabalhos mais intensos; mas os pais e treinadores devem evitar fazer a prática esportiva uma obrigação e exigir resultados.
Seguem algumas sugestões de atividades para crianças de acordo com sua faixa etária:
- 3 a 6 anos: nesta fase, de formação dos movimentos fundamentais da criança, devem-se realizar atividade livres e descontraídas; o movimento deve ser explorado de todas as formas e possibilidades, já que a criança está descobrindo seu corpo e todo o universo que a rodeia.
- 7 a 10 anos: melhor fase para o desenvolvimento das habilidades motoras; as crianças descobrem que é muito importante viver em grupo. As atividades devem trabalhar não só as capacidades motoras, mas também questões de noção espacial, equilíbrio, ritmo e flexibilidade, de preferência por intermédio de jogos e brincadeiras, que podem ter regras mais elaboradas. As distâncias de corridas não devem ultrapassar 600m.
- 11 a 12 anos: nessa faixa etária, aumenta o interesse por atividades esportivas como as crianças são muito competitivas, pode-se começar a trabalhar algumas questões relacionadas às técnicas esportivas e táticas. Os pais devem servir de apoio nas questões de vitória/derrota, procurando fazer com que a criança se relacione bem nas mais diversas situações. As distâncias de corrida devem ser de até 1500 metros no máximo.
- 12 a 14 anos: os primeiros contatos com o treinamento esportivo propriamente dito ocorrem nesta fase, em que a preocupação deve ser mais com as questões técnicas do que com a preparação física e os resultados. Há possibilidade de trabalhos em distâncias de 2 a 3 km.
- 15 a 18 anos: pode-se direcionar para o esporte especializado e melhorar o trabalho aeróbio para desenvolvimento adequado do coração. As distâncias devem aumentar, variando de provas de média distância (de 600m a 2 km) até provas mais longas, de até 10 km.
- acima de 18 anos: nesta fase final da formação esportiva do jovem, podem-se trabalhar todas as questões envolvidas no treinamento esportivo. Deve-se tomar cuidado apenas em provas muito longas, como meia-maratonas e maratonas, deixando-as para a fase adulta, por volta dos 21 anos.
Adaptações ao treinamento
Apesar de alguns acharem o contrário, as crianças se adaptam ao treinamento de corrida da mesma forma que o adultos. De fato, o sistema cardiovascular delas apresenta adaptações maiores até que os adultos. Adaptações de capacidade de desempenho também ocorrem nas crianças, pelo aumento do limiar anaeróbio. Outro aspecto positivo do processo adaptativo decorrente do treinamento de corrida é o aumento da capacidade de crianças e adolescentes de utilizarem os ácidos graxos durante a atividade. Com isso, a glicose é preservada, a fim de se evitar a fadiga do sistema nervoso central.
A idade ideal de estímulo da capacidade aeróbia nas crianças fica em torno dos 12, 13 anos para as meninas e dos 13 e 14 anos para os meninos. É importante ressaltar que, nessa fase, a ênfase do treinamento deve ser de caráter geral, e não específico. Jogos lúdicos e realizados em grupos devem ser estimulados. Distâncias entre 600 e 1200m são as mais indicadas para um início de trabalho. Vale lembrar também que crianças maiores fisicamente possuem vantagens mecânicas em relação às crianças menores. Portanto, não se deve exigir desempenho similar nesse caso. O desenvolvimento da resistência aeróbia deve ser encorajado nessa faixa de idade, uma vez que essa capacidade fornece a base para a velocidade, a força rápida, a resistência de força e a habilidade em geral. Além disso, evita a obesidade decorrente do sedentarismo.
Aspectos a considerar na prescrição do exercício
Alguns aspectos fundamentais devem ser levados em conta na prescrição do treinamento de corrida para crianças. São eles:
- A frequência cardíaca não é um bom indicativo para prescrição de exercícios, uma vez que, em razão do menor tamanho do coração, existe um aumento da FC para compensar o menor volume de ejeção, o que dificulta o controle para treinamento. Isso acontece tanto no exercício máximo quanto no submáximo. Assim, recomenda-se a utilização de escadas de esforço.
- Crianças possuem menor capacidade de gerar energia pelo metabolismo anaeróbio. Dessa forma, estímulos para desenvolver esse metabolismo não resultarão em resultados expressivos.
- Por possuírem maior quantidade de fibras do tipo I (61%0, as crianças respondem muito bem a estímulos aeróbios de treino.
- Conforme a criança se desenvolve, há um incremento no estilo de corrida e na economia de energia. Na fase de crescimento, a criança apresenta maiores passadas e maiores extensões das articulações do quadril, do joelho e do tornozelo.
Referências Bibliográficas
SILVA, Mario Sergio Andrade. Corra: guia completo de corrida, treino e qualidade de vida. São Paulo: Academia de Inteligência, 2009. 171 p.
EVANGELISTA, Alexandre Lopes. Treinamento de corrida de rua: uma abordagem fisiológica e metodológica. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Phorte, 2014. 133 p.